"Tiago Morais Morgado é um eterno curioso e aprendiz dos vários assuntos ligados à prática das músicas criativas, e da intersecção desta com a tecnologia; movido ambição presunçosa e mais ou menos auto-indulgente, de proJectar uma realidade que vive apaixonadamente ainda que de forma ilusória com o deseJo de contribuir para o progresso nas áreas em que trabalha, que a nível científico, artístico, quer a nível comunitário. Tudo isto pode (ou não), assumir toda uma série de conotações diversas e variadas. Precisa de música para como precisa de comer e respirar, sendo a sua prática marcada por um isolamento constante, fruto das mais diversas e variadas circunstâncias, marcadas pela sua natureza, pela sua forma de estar na vida, pelo contexto que tem à sua volta, e pela sua incapacidade de mudar alguma coisa ou de se posicionar no meio disto tudo; por um certo sentido de revolta também; por outro lado, pela necessidade constante de, perante a sua circunstância ontológica, iterar recursivamente procedimentos, técnicas e conceitos, nunca se mantendo em conformidade com pré-assumpções, nas quais a entropia, a paixão, o desdeJo, o amor (e uma certa dose de infantilidade e loucura, Já que de criança e louco todos temos um pouco, uns mais outros menos; e enquanto houver um poeta e um louco o mundo pode andar para a frente), o conduzem no sentido de derivar ordem do caos, da ordem, do caos, questionando sempre cânones pré-estabelecidos, mantendo um sentido de convergência e divergência entre práticas pelo curso do tempo. Para sumarizar, um eterno sentido de provisionalismo e incerteza. A sua música bebe influências de diversos estilos e correntes musicais, assim como de referencias extra-musicais diversas e variadas.
Durante a minha actividade como crítico musical, escritor teórico e observador de todas as coisas que dizem respeito às músicas criativas, poucas vezes encontrei um Jovem músico tão comprometido com a necessidade de descobrir novas coisas, e aprender técnicas e vocabulários, desenvolvendo a sua música mais e mais com um foco raro e perseverança. Tiago Morais Morgado, foi uma verdadeira surpresa quando primeiro o ouvi a tocar, há alguns anos atrás, ligando a sua viola a um computador, e alguns pedais de efeitos, e continua a sê-lo. Considerando as condições quase solitárias do seu trabalho, a viver numa cidade distante dos principais circuitos de música experimental, improvisada, contemporânea, concentrados maioritariamente no Porto e em Lisboa, foi um milagre ter alguém fazer o que ele faz, da maneira que faz. Apenas uma pessoa muito especial seria capaz disso, movido por uma curiosidade sem fim e um propósito na vida. Desde então mantenho-me sempre informado daquilo que ele faz, sabendo que num futuro próximo, será um músico muito importante, não só no meu país, mas na Europa e no mundo." Rui Eduardo Paes
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